Bebeto 60 anos: o choro de Ronaldo, a briga com Romário e a transferência que parou o Brasil
Fonte: Da Redação 16/02/2024 ás 16:44:21 1094 visualizações

Aos 95 anos, o Seu Wilson ainda vive em Salvador. Viúvo desde a partida da esposa Carmen, a saúde debilitada e a vista bem prejudicada não o impedem de reconhecer quando o filho mais famoso da casa que tinha 10 crianças chega.

O título mundial de 1994 não define, mas representa José Roberto Gama de Oliveira, que completa 60 anos neste dia 16 de fevereiro. Nos EUA, Bebeto fez dupla inesquecível com Romário - dos 11 gols, os dois participaram diretamente de nove.

Bebeto lamentou a relação estremecida com o antigo parceiro. Ele também se emocionou ao lembrar da morte do irmão em 1984, no seu início no Flamengo, e revelou histórias inéditas de uma briga com Telê Santana que ele diz tê-lo tirado da Copa de 1986.

— Comecei a jogar com cinco, seis anos com meus irmãos, com bola de meia. Em casa, na rua, nos campos de barro da Bahia, em Salvador. E começou também na Copa de 70. Eu comecei a falar “um dia eu vou estar aí”. Comecei a sonhar. Por causa de Pelé, Tostão, Clodoaldo, aquele time de 70 fantástico. Ali eu comecei a me empolgar mais ainda. Não tinha nem TV a cores, era uma luta danada. A gente colocava aquele papel verde, vermelho na TV.

— Eu nasci no Hospital Militar, na Ladeira dos Galés, no bairro de Brotas. Eu jogava futebol ali de bairro, no Vale do Bonocô. Tem um viaduto e embaixo a gente jogava. E o time era Vasco da Gama, eu jogava com a 10 era o artilheiro do time. Meu irmão, o China, jogava no Bahia, e aí ele me levou ainda no Dente de Leite. Mas eu sempre fui Vitória. Era um cara apaixonado pelo Vitória. Ia para a Fonte Nova ver o Vitória jogar. Era torcedor mesmo, fanático mesmo. De ficar esperando o portão abrir para pegar aqueles cinco minutos finais que liberava na Fonte Nova.

— Eu eu era realmente magrinho para caramba e não acreditavam quando me viram. Aí o meu irmão disse: “eu só quero que você bote ele para jogar, Delmar (Santana, técnico da base no Bahia)”. Eu era o menor da turma com que eu jogava e era o único que jogava com adultos. Quando fui jogar com os meninos, cara, pô aí... O treinador ficou doido. Eu era meia. Meu irmão era meia-esquerda, eu jogava na direita. Aí acabei com treinamento, né? Aí falaram: “Chininha, meu Deus, por que você não trouxe esse menino logo?” Arrebentei com o treino, mas com aquela cabeça sempre no Vitória.

Teu primeiro contrato foi com o Bahia?

— Deram um contrato para meu pai assinar. Meu pai cobrava muito: “Tem que estudar, menino”. Ele era corretor de móveis. Às vezes a gente estava jogando bola ele tirava a gente: “Vai, menino, vocês têm que estudar”. O Bahia não dava ajuda de custo e o negócio apertou. Eu pegava três ônibus, aí o cara (cobrador) deixava eu passar, que eu era muito magrinho, né, ele falava “se passar na roleta só paga meia”. E aí eu passava, mas o negócio ficou difícil. Era só minha velhinha (mãe) que dava dinheirinho, né, porque meu pai falava: “não, vai estudar, tem que estudar”.

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