
Moscou prometeu nesta quarta-feira (27) dificultar o "trabalho da mídia ocidental" em seu território, em retaliação à confirmação pela Justiça europeia da suspensão do canal de notícias russo RT France, decidida pela União Europeia após a invasão da Ucrânia.
"Vamos tomar medidas de pressão semelhantes visando a mídia ocidental que trabalha em nosso país", declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov a repórteres após a publicação da decisão judicial da União Europeia, julgando legal a proibição de difusão da RT France.
“Também não vamos deixá-los trabalhar em nosso país”, acrescentou Peskov. Esses meios de comunicação não devem esperar "nenhuma flexibilidade" das autoridades russas, alertou, denunciando um "ataque à liberdade de expressão e à liberdade de imprensa nos países europeus, inclusive na França".
Desde o início da guerra, em 24 de fevereiro, Moscou já bloqueou diversos sites de mídias ocidentais (BBC, Die Welt, RFI, Deutsche Welle...) e redes sociais como Facebook, Twitter e Instagram. Em maio, a Rússia fechou o escritório da rádio e televisão canadense CBC/Radio-Canadá depois que a RT foi proibida de transmitir no país.
Ao mesmo tempo, a mídia canadense suspendeu ou interrompeu suas operações na Rússia por medo de represálias. Há leis no país que punem, com penas de prisão, a divulgação de informações supostamente falsas sobre o Exército russo.
Sputnik
O tribunal da União Europeia alega que a "proibição temporária" da radiodifusão "não questiona" o conceito de liberdade de expressão, ao contrário do que afirma a mídia estatal russa. A RT France anunciou que vai entrar com um recurso contra a decisão.
"A confirmação pelo tribunal desta proibição geral e do prazo indeterminado mostram, infelizmente, que o poder judicial da União Europeia não pode ou não quer se opor ao poder político", reagiu Xenia Fedorova, presidente da RT France, em comunicado.
Acusados de serem instrumentos de "desinformação" pelo Kremlin, os meios de comunicação Sputnik e RT (incluindo sua versão em francês RT France) foram proibidos de transmitir na União Europeia em 2 de março, na televisão e na internet, após um acordo entre os 27 Estados-membros, logo após o início da guerra.
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