O Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) apontou indícios de fraude na recuperação judicial da AFG Brasil S/A, atuante desde 2002 na comercialização de grãos. A empresa, que tenta negociar passivo de R$ 648,5 milhões, teve o plano de soerguimento deferido em 2022 e, desde então, não cumpriu com o pacto. Além do MP, credores da companhia também ratificaram as suspeitas.
Na semana passada, a Anglopar Agro Ltda. levantou suspeitas acerca de uma transação firmada pela AFG às vésperas do pedido de recuperação. Na ocasião, transação com a Innovatus Trutured Trade Finance deu origem a empréstimo de U$ 17 milhões cuja garantia foi uma propriedade localizada em Pontes e Lacerda (444 km de Cuiabá), a Fazenda São Paulo, considerada um dos principais ativos da recuperanda.
Diante das obrigações não quitadas, a dívida da AFG com a Innovatus saltou para U$ 40 milhões. Segundo a Anglopar, a majoração fará com que a recuperação judicial tenha servido somente à satisfação do crédito preferencial, isto é, a dívida com a Innovatus.
O prejuízo aos demais credores também foi questionado pelo MP em manifestação da mesma semana. De acordo com o promotor Marcelo Caetano Vecchio, diante do descumprimento do plano de RJ, a análise dos pedidos de convolação em falência foi adiada enquanto a AFG se comprometeu a negociar os débitos por intermédio de uma câmara de mediação.
Ocorre que, até o momento, a única resolução das sessões de mediação foi o consenso entre a AFG e Innovatus para a avaliação e alienação da Fazenda São Paulo. A câmara também informou que as negociações estão suspensas até o leilão do imóvel.
Além de ponderar sobre as inúmeras denúncias de fraudes encaminhadas ao Ministério Público pelos credores da AFG, em especial os credores colaboradores, o procurador Marcelo Caetano Vecchio asseverou que os atos envolvendo a alienação da Fazenda São Paulo não podem pautar a recuperação judicial.