Com as pesquisas empatadas nos sete estados decisivos, o ex-presidente Donald Trump vem dobrando a aposta sobre Kamala Harris: o comportamento vulgar do candidato republicano nos últimos dias extrapola o que já foi tachado de normal, para os seus padrões, e fomenta o argumento da democrata de que ele está instável, perturbado e, por consequência, despreparado para o cargo.
Num encontro com eleitores, na semana passada, Trump desistiu das perguntas e apenas dançou, por mais de meia hora, numa estranha coreografia por diversos ritmos.
“Espero que ele esteja bem”, tuitou Kamala.
Num comício na Pensilvânia, no fim de semana, durante 12 minutos, ele dissertou sobre a genitália do jogador de golfe Arnold Palmer, morto em 2016, aos 87 anos.
“Quando ele tomava banho com outros profissionais, eles saíam de lá. Eles diziam: 'Meu Deus. Isso é inacreditável'. Temos mulheres que são altamente sofisticadas aqui, mas elas costumavam olhar para Arnold como um homem”, contou.
Os comentários de Trump chocaram Peg, uma das filhas de Palmer, mas ela pareceu traduzir o que seus eleitores pensam sobre o comportamento imprevisível e aparentemente desconexo do candidato. “Não estou propriamente chateada. Acho que foi uma escolha ruim de abordagens para lembrar do meu pai, mas o que você vai fazer?”
É esse o ponto que intriga os analistas: as bizarrices proferidas por Trump não se refletem em oscilações significativas nas pesquisas de opinião. A campanha de Kamala tenta cooptar o apoio dos republicanos moderados — os que demonstram estar escandalizados com as atitudes de seu líder na reta final da campanha — e, ao mesmo tempo, distanciar-se do impopular Joe Biden.